* Dr. Clay Brites é pediatra, neurologista infantil e um dos fundadores do Instituto NeuroSaber

 Em 2007, a ONU (Organização das Nações Unidas) declarou a data de 2 de abril como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Essa iniciativa ocorreu para chamar a atenção da sociedade e ajudar milhões de pessoas que têm o transtorno ou àquelas que ainda sequer foram diagnosticadas. O objetivo é levar informação à população para reduzir a discriminação, preconceito e negligência contra os indivíduos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

O TEA afeta habilidades de percepção social e prejudica em intensidades diversas áreas do neurodesenvolvimento motor, cognitivo, sensorial e de comunicação social do autista que se manifesta diferente em cada pessoa. Desde muito cedo existem alguns padrões de comportamento bem conhecidos, pré-definidos, que podem ser observados pelos pais desde o nascimento, especialmente antes dos 16 meses. De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e com diversas evidências científicas, os pais podem e devem começar a notar os primeiros sinais de TEA antes mesmo dos 3 anos de idade.

Alguns sinais que podem ser percebidos antes dos 12 meses são: desatenção à voz do adulto; não balbuciar; o olhar não procura a mãe quando ela se afasta; não estende os braços para pedir colo; falta de contato visual com a mãe no momento da amamentação; não responde com imitação ações como sorrir ou mostrar a língua.

Se até os 16 meses seu filho não der “tchauzinho” com as mãos; ausência da fala ainda perpetua; não procura com o olhar; não gosta de ser tocado; tem locomoção atípica, como andar nas pontas dos pés, pouca reciprocidade ao ser tentado interações com elas, atraso ou regressão de fala e comportamentos repetitivos devem ser os principais sinais de alerta. Na suspeita, deve-se procurar por um especialista (pediatra, neuropediatra ou psiquiatra infantil) deve ocorrer quando esses atrasos aparecem de forma significativa e incomodam o convívio com elas.

A partir do momento em que essa dúvida surge, a visita a um médico ou profissionais de saúde familiarizados com o tema deve ser urgente e indispensável pois, a partir da triagem, a criança poderá ser encaminhada a profissionais especializados e poderá começar um tratamento precoce. O diagnóstico do autismo deve ser feito por profissionais especializados na área e realizados a partir da observação direta da criança, entrevistas com os pais e pelo uso de questionários e instrumentos direcionados.

Após a confirmação do autismo, os pais devem seguir as orientações do grupo de profissionais de várias áreas como pediatria, neuropediatria, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, entre outros. São eles que vão trabalhar a intervenção e o desenvolvimento da criança junto à família e à escola. Neste processo, o mais importante é o diagnóstico precoce para que se comece a estimulação o mais cedo possível numa fase da vida muito mais sensível e com evidências de intervenção terapêutica eficaz. Com isso, o desenvolvimento neurológico da criança pode ser mais rapidamente preservado e obtermos resultados mais efetivos.

(*) Dr Clay Brites é Pediatra e Neurologista Infantil (Pediatrician and Child Neurologist); Doutor em Ciências Médicas/UNICAMP (PhD on Medical Science); Membro da ABENEPI-PR e SBP (Titular Member of Pediatric Brazilian Society); Speaker of Neurosaber Institute.