Após ser representado pela primeira vez na Superliga Americana (Slar), o rugby masculino do Brasil se volta às eliminatórias da Copa do Mundo da França, em 2023. Os Tupis, como é conhecida a seleção nacional, buscam disputar a competição pela primeira vez.

As duas primeiras etapas das eliminatórias estão previstas para Montevidéu (Uruguai), em junho. Na inicial, os brasileiros terão pela frente Chile, Paraguai e Colômbia, em formato a ser definido. Os dois melhores se unem os anfitriões uruguaios na segunda fase, que define dois classificados à fase final, que também envolverá Estados Unidos e Canadá, em novembro. Destes quatro finalistas, dois se garantem de forma direta na Copa e um disputa uma repescagem mundial, no ano que vem. Melhor seleção do continente na última edição, em 2019, a Argentina já tem vaga assegurada na França.

“É um caminho muito difícil. Teremos que ganhar de [seleções como] Paraguai e Chile, que está crescendo. Depois, do Uruguai, de quem ainda não ganhamos. O desafio é gigantesco. A maneira mais simples [de lidar] é pensarmos jogo a jogo, trabalharmos duro e chegarmos em nossa melhor versão. A pressão não precisa ser maior do que ela já é”, avaliou o capitão Felipe Sancery em entrevista coletiva nesta quarta-feira (5).

Os Tupis chegam embalados pelo desempenho na reta final da primeira fase da Slar. A base da seleção masculina disputou a competição pela franquia brasileira Cobras. Além das vitórias sobre Cafeteros Pro (Colômbia), por 22 a 14, e Selknam (Chile), por 21 a 20, nas duas últimas rodadas do segundo turno, realizado em Montevidéu, a equipe teve boa atuação contra o Olimpia Lions (Paraguai), apesar de derrota por 19 a 15. Para efeito comparativo, no turno inicial, em Santiago (Chile), o time verde e amarelo havia perdido dos paraguaios por 44 a 8 e dos chilenos por 66 a 10.

O Cobras finalizou a Superliga em quinto lugar entre seis equipes, com três vitórias em nove jogos, disputados em um intervalo de 42 dias. A franquia não se classificou ao mata-mata, que reuniu os quatro melhores times da primeira fase. Os brasileiros não puderam atuar na primeira rodada, contra o Jaguares XV (Argentina), por causa de um surto de casos do novo coronavírus (covid-19) no elenco, que culminou em uma derrota por W.O.

“Tivemos, primeiro, três casos. Depois, repetimos o teste e apareceram os outros oito. Até a ida para o Chile e o primeiro treino, foram 13 dias isolados no quarto. Foram semanas duras. A gente parava de pensar em desempenho e sim em conseguir participar do Slar. Tentamos adaptar os treinos para o virtual, alguma análise de vídeo do que tínhamos feito, para manter os atletas conectados com o jogo. Fomos bem contra o Peñarol [Uruguai, derrota por 33 a 24], mas isso nos custou a recuperação nos próximos jogos. Oscilamos entre um jogo satisfatório e um ruim. A partir do segundo turno é que nos encontramos como equipe”, analisou Fernando Portugal, assistente técnico do Cobras e treinador dos Tupis.

“Fisicamente, você vai se adaptando. Os caras [preparação física e fisioterapia da seleção] fizeram milagre para a gente se manter em competição. O mais difícil foi o [desgaste] mental. Durante o torneio, você não sente tanto, mas desde que cheguei em casa, parece que peguei um elevador emocional. Nessas horas que você sente a pressão que estava lá”, emendou Felipe.

Os jogadores que estiveram na Superliga terão duas semanas de folga até a retomada dos treinamentos, desta vez visando as eliminatórias da Copa do Mundo. O grupo que disputou a Slar deverá ser reforçado por atletas brasileiros que atuam no exterior e também defendem a seleção nacional.

“Na Slar, pensamos na estrutura, como jogarmos. Terminada a Slar, precisamos nos aperfeiçoar. A ideia é que agora a gente foque a parte técnica, na qualidade individual do jogador para que ele possa desempenhar da melhor maneira. Obviamente, ajustarmos estruturas de ataque e defesa. Teremos cinco semanas de preparação [até as eliminatórias]. Entendemos ser um tempo razoável”, concluiu Portugal.

Fonte: Agência Brasil