A palavra superação faz todo sentido quando vivenciamos o dia a dia dos estudantes que praticam esportes nos seis polos de centros de iniciação desportiva paralímpicos (CIDPs) da rede pública de ensino. Eles mostram que a atividade física é um instrumento para melhoria na qualidade de vida e conquista de autonomia nas ações do cotidiano, além de abrir um importante espaço de socialização.

A estudante Sophia Lauane Silva, 10 anos, está realizada com as aulas de natação | Fotos: Mary Leal, Ascom/SEEDF

Os centros ficam nas regiões de Ceilândia, Guará, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião e Taguatinga. Eles atendem gratuitamente estudantes com transtorno do espectro autista (TEA), deficiência intelectual, deficiência múltipla, entre outras, de até 17 anos, no contraturno das aulas.

Juntos, os centros de iniciação desportiva (CID) e os IDPs atendem 9 mil estudantes da rede pública do DF. Saiba aqui quais são os contatos dos CIDPs e em quais modalidades há vagas disponíveis.

A história de Gabriela Rodrigues, 20 anos, que tem deficiência intelectual, reflete uma mudança de perspectiva. Ela começou a natação no CIDP Natação de São Sebastião em 2021. Estava tomando remédios para diabetes e, após algum tempo da prática esportiva, foi liberada da medicação. Os exames apresentaram taxas normais.

“Eu digo que não tem preço o que o esporte trouxe para nossa família. É uma satisfação ver que minha filha está bem e feliz. No início, eu precisava entrar na piscina para auxiliá-la, mas agora ela faz tudo sozinha”, conta Ana Lúcia Rodrigues, mãe da jovem.

A estudante do 4º ano do ensino fundamental Sophia Lauane Silva, de 10 anos, não esconde a paixão pela natação e gosta de ser fotografada na piscina. “Ela emagreceu em pouco tempo e se encontrou aqui. Ela ama os dias da natação e já está socializando muito mais com as pessoas. Noto muita diferença em pouco mais de um mês de aula”, frisa Francisca Silva, mãe de Sophia, que tem síndrome de Down.

O esporte melhorou a qualidade de vida de Bruno de Brito

A evolução do estudante Bruno de Brito, 25 anos, com a ajuda da natação é impressionante. Bruno tem deficiência múltipla e, atualmente, também está matriculado no CIDP Natação de São Sebastião.

“Ele chegou nas aulas de natação numa cadeira de rodas, sem andar, e hoje tem a independência de andar sozinho. Sinceramente, não imaginei que ele chegaria nesse nível tão alto. Isso traz enormes diferenças na vida dele, que, agora, consegue fazer as atividades do dia a dia sem minha ajuda. É emocionante!”, conta Maria de Lourdes de Brito, mãe de Bruno.

Além desse esporte, os CIDPs da Secretaria de Educação do DF ofertam modalidades de atletismo, bocha, futsal, futebol PC, parabadminton e tênis de mesa.

Os estudantes que treinam nesses centros também têm a oportunidade de participar de competições esportivas. Todos os anos, a Secretaria de Educação organiza os Jogos Escolares Paralímpicos do Distrito Federal (JEPDF), que terão a data de realização de 2022 divulgada em breve.

Os atletas selecionados para essa disputa vão para a competição nacional, as Paralimpíadas Escolares, que, este ano, serão no DF, de 8 a 13 de agosto. São esperados 600 estudantes de 10 estados, para competir em quatro modalidades: atletismo, bocha, goalball e natação.

Oportunidade para comunidade

Os CIDPs também ofertam esportes para a comunidade nos dias e horários em que os estudantes não têm interesse, as chamadas vagas remanescentes. Edmar Barbosa e Marcelo Alves são atletas de parabadminton e treinam no CIDP de Taguatinga. Depois que sofreu um acidente de carro, Edmar ficou cadeirante e encontrou nesse esporte novas oportunidades de vida.

“Eu me identifiquei. No início não levava tão a sério como0 esporte, mas depois percebi que realmente poderia ser atleta na modalidade e comecei a treinar firme. A estrutura do centro é fundamental nesse processo”, relata. Ele ficou em 3° lugar em competição internacional da modalidade em Uganda, em 2021.

Edmar Barbosa e Marcelo Alves descobriram o parabadminton com auxílio dos CIDPs

O esporte sempre esteve na vida de Marcelo. Ele praticava basquete e tênis como atleta amador. Após sofrer um acidente de ônibus, tornou-se cadeirante e percebeu no parabadminton uma possibilidade de recomeço de vida. “Para mim, o esporte é tudo. Trouxe a oportunidade de ser atleta, de conhecer outros países, e me dá qualidade de vida”, descreve Marcelo.

O sonho dos atletas é chegar à classificação para os Jogos Parapan-Americanos, que ocorrerão em Santiago, em 2023. Eles competem nas modalidades individual e em dupla.

A professora do CIDP Parabadminton de Taguatinga Cláudia Dionice conta que o esporte é capaz de dar asas para as pessoas que os vivenciam, de crianças até adultos. “Aqui é só o começo, porque a criança cresce vendo que é capaz. Os deficientes que já são adultos e vêm da comunidade têm a oportunidade de ser reinseridos na sociedade, de ter um novo olhar sob aquela condição física deles. O esporte desbrava fronteiras”, reflete Cláudia.

*Com informações da Secretaria de Educação do DF

Agência Brasília* I Edição: Débora Cronemberger

Fonte: Agência Brasília