Raimundo Marques Lopes já trabalhou como ajudante de cozinha e auxiliar de pedreiro. Hoje, aos 63 anos, é guardador de carros, no estacionamento em frente a um supermercado, no Sudoeste. O vigia economiza para comprar uma Kombi usada e sonha em montar um lava jato lá mesmo, na área onde trabalha há mais de quatro anos.

Em novembro de 2020, a secretaria de Trabalho iniciou o procedimento de cadastramento de guardadores e lavadores de carros | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Como sonho não paga contas, como tão bem Raimundo já aprendeu, ele se empolga com a oportunidade de conhecer a biolavagem, um sistema de higienização de veículos automotores sem utilização de água potável. O tema é uma das matérias que serão abordadas durante o curso de qualificação profissional de guardadores e lavadores de carros, promovido pela secretaria do Trabalho (Setrab).

“Eu só sei que na biolavagem não se usa água. O resto vou aprender no curso. Vai ser muito bom conhecer isso porque quero ter a minha Kombi com lava jato e vou poder aumentar a minha renda”, enfatiza Raimundo, um dos 175 guardadores e lavadores de carros inscritos no curso de capacitação do governo.

“Eu só sei que na biolavagem não se usa água. O resto vou aprender no curso. Vai ser muito bom conhecer isso porque quero ter a minha Kombi com lava jato e vou poder aumentar a minha renda”Raimundo Marques Lopes, lavador de carros

Cadastramento

Em novembro de 2020, a secretaria de Trabalho iniciou o procedimento de cadastramento de guardadores e lavadores de carros, em atendimento a Lei nº 6.668, de 15 de setembro de 2020, que prevê a organização da categoria.

O objetivo do cadastramento é conhecer o perfil dos trabalhadores e organizá-los como categoria, identificando-os e formalizando-os, doando condições de trabalho decente e, também, dando maior segurança aos usuários dos serviços.

“Uma vez regularizados com a gente, os trabalhadores poderão receber cursos de capacitação profissional, obtendo uma prestação de serviço melhor qualificada, melhorando o atendimento e, claro, dando mais segurança ao cliente. Além disso, eles também serão orientados a como regularizar a própria situação para recolherem o INSS e serem contemplados em seus direitos”, explica o secretário de Trabalho, Thales Mendes.

Dos 2.221 trabalhadores registrados na Superintendência Regional do Trabalho, somente 878 buscaram se cadastrar. Desse total, 175 apresentaram a documentação necessária. São esses profissionais, a exemplo de Raimundo Lopes, que estão aptos a participar do curso de qualificação profissional.

A capacitação será realizada nos dias 2,3 e 4 de agosto. É dividida em aulas teorias e práticas, que serão realizadas no auditório da secretaria e no pátio da secretaria de Trabalho, respectivamente.

Atendimento ao público

O curso inclui as disciplinas: noção de atendimento ao público, aplicação de conhecimento básico de etiqueta social no atendimento ao cidadão, noção de comunicação não violenta e aplicação de conhecimento básico da teoria de inteligência emocional no âmbito do trabalho.

Os cadastrados terão também aulas sobre noção de educação financeira, aplicação de conhecimento de finanças familiar, noção de empreendedorismo e aplicação de conhecimento básico de microempreendedorismo, além do curso prático de biolavagem.

Os participantes receberão um crachá de identificação, colete com numeração e um kit de biolavagem, com produtos e utensílios necessários para exercerem a atividade.

Trabalhando há 23 anos como guardador de carros no estacionamento do Centro Clínico Sul, na Asa Sul, Ronaldo Queiroz de Sá, 43 anos, já utilizou a biolavagem. No entanto, ele teve que parar com a atividade por causa da dificuldade em repor os produtos.

“A recarga ficou inviável. Eu fazia o pedido e demorava muito a chegar. Quando chegava, ainda faltavam itens. Agora deve estar tudo mais organizado”, argumenta.

Para Paulo Antonio Gomes de Sousa, 52 anos, que fica em um estacionamento da QI 15, do Lago Sul, a capacitação é importante para que os guardadores e lavadores de carro aprendam a se dirigir às pessoas com cortesia e, ao mesmo tempo, saibam reconhecer os limites.

“Tem muitos vigias que não têm educação e ficam até coagindo as pessoas. Coagir é crime. Eu aprendi a me comunicar com as pessoas e a respeitar a todos”, disse Paulo Antonio.

Curso de biolavagem de carros para flanelinhas

Fonte: Agência Brasília