De acordo com relatório chamado Panorama da Pequena Indústria, as pequenas indústrias da construção civil enfrentaram um aumento na preocupação com as taxas de juros elevadas entre o terceiro e o quarto trimestres de 2024. Segundo os dados apresentados, o percentual de empresas do setor que apontaram os juros como um dos três principais problemas cresceu 10,5 pontos percentuais, atingindo 34,7% das empresas entrevistadas. Essa preocupação superou a elevada carga tributária (33,9%) e a competição desleal (23,7%), consolidando-se como o principal desafio enfrentado pelo setor.

Conforme informado na publicação, as pequenas indústrias de transformação também registraram um aumento na preocupação com as taxas de juros, que passaram da sexta para a quinta posição no ranking dos principais problemas do setor. O percentual de empresas que citaram esse fator como uma das três principais dificuldades subiu para 21,6%. No entanto, o estudo aponta que o maior entrave apontado pelas pequenas indústrias de transformação foi a carga tributária, mencionada por 39,9% das empresas, seguida pela falta ou alto custo de trabalhadores qualificados (26,9%) e pela escassez ou alto custo da matéria-prima (23,0%).

O relatório também aponta dados que indicam um desempenho positivo das pequenas indústrias no início do quarto trimestre de 2024. O Índice de Desempenho das Pequenas Indústrias subiu de 47,5 pontos em setembro para 48,2 pontos em outubro, mas apresentou uma desaceleração nos meses seguintes, finalizando o trimestre com uma média de 46,8 pontos. Esse resultado ficou acima da média histórica do indicador, de 44,0 pontos, e também superou a média do quarto trimestre de 2023, que foi de 45,9 pontos.

O estudo divulgado mostrou também que a situação financeira das pequenas indústrias apresentou sinais mistos. O Índice de Situação Financeira registrou queda de 0,8 ponto entre o terceiro e o quarto trimestres, chegando a 42,0 pontos. Embora tenha recuado, o indicador ainda permaneceu 3,4 pontos acima da média histórica, de 38,6 pontos, demonstrando que a percepção sobre a saúde financeira das empresas ainda se mantém mais favorável que o usual.

José Antônio Valente, diretor da empresa de franquia de locação de equipamentos para construção civil Franquias Trans Obra, afirmou que o aumento da preocupação com as taxas de juros entre as pequenas indústrias da construção civil reflete diretamente no custo de compra e manutenção de máquinas e equipamentos, impactando a competitividade do setor e com os juros elevados, muitas empresas podem precisar reconsiderar os investimentos, optando por alternativas como o aluguel de máquinas e equipamentos para reduzir custos fixos e preservar o capital de giro. “Uma oportunidade para novos empresários no setor é a abertura de franquias de locação de equipamentos para atender uma demanda de empresas que não precisam mais optar pela compra desses materiais devido ao alto custo de manutenção, deixando esse custo com as próprias empresas de franquia”.

José Antônio continuou dizendo que muitas dúvidas podem surgir no início da abertura de uma franquia no setor da construção civil. “O que é royalties franquia ou se vale a pena investir em franquia são as principais perguntas de novos empresários que visam uma oportunidade em meio a preocupação crescente no setor com relação a taxa de juros elevada”.

Ainda sobre o estudo divulgado é possível notar outro fator que ganhou relevância entre os problemas das pequenas indústrias, que foi a taxa de câmbio. O percentual de empresas da indústria de transformação que consideram a flutuação cambial um dos três principais desafios cresceu 11,9 pontos percentuais entre o terceiro e o quarto trimestres de 2024, fazendo com que essa questão subisse da 12ª para a 7ª posição no ranking de preocupações do setor. Esse crescimento reflete o impacto da variação do câmbio nos custos de importação de insumos e matérias-primas.

Simultaneamente às dificuldades enfrentadas, o relatório ainda aponta que o Índice de Confiança das Pequenas Indústrias (ICEI) sofreu uma queda de 2,8 pontos em janeiro de 2025, aprofundando a tendência de pessimismo que já vinha se consolidando desde dezembro de 2024. Essa foi a quarta queda consecutiva do indicador, que acumula uma redução de 5,2 pontos desde setembro.