Uma operação da Secretaria de Economia do Distrito Federal revelou um esquema que utilizava empresas de sucata como fachada para a emissão de notas fiscais falsas. No total, 11 empresas estão envolvidas, com um movimento de quase R$ 1 bilhão em documentos eletrônicos sem lastro real.
De acordo com o Fisco, as notas eram principalmente para compradores nas regiões Norte e Sudeste, dando uma aparência legal a operações inexistentes. Essa fraude gerou um crédito tributário de mais de R$ 530 milhões, incluindo impostos não recolhidos e multas.
Os auditores verificaram que as empresas não tinham condições mínimas para operar no setor. Endereços inadequados, falta de maquinário, ausência de funcionários e capital social irrisório apontavam que o objetivo dessas empresas era apenas emitir documentos para terceiros, não comercializar sucata. Em razão das irregularidades, a Secretaria de Economia emitiu 17 autos de infração, sendo 11 relacionados à Região Norte e seis à Região Sudeste.
A investigação progrediu a partir do cruzamento automático de dados de notas fiscais, registros de transporte e perfis econômicos, que revelaram incoerências entre o volume declarado e a estrutura das empresas. De acordo com o coordenador de Fiscalização Tributária, Silvino Nogueira, os sistemas são essenciais para expor fraudes desse tipo, pois os dados muitas vezes contradizem a realidade observada nas visitas.
O comércio de notas frias permite que empresas escondam faturamento e diminuam artificialmente o ICMS, criando uma desvantagem injusta para concorrentes que operam legalmente. Especialistas enfatizam que esses esquemas enfraquecem o setor produtivo e aumentam o risco de que cadeias comerciais inteiras dependam de documentos falsos.
A partir desta quinta-feira (10), equipes de fiscalização intensificarão ações em rodovias e locais estratégicos para inspecionar cargas e identificar novos desdobramentos da rede investigada.

