O governador do Ceará, Elmano de Freitas, anunciou um sistema de tratamento de água para abastecer as empresas de armazenamento e processamento de dados, os data centers, que se estabelecerem no estado. O complexo do Porto do Pecém, na região metropolitana de Fortaleza, será o novo polo industrial.

“Estamos em plena execução, em parceria com o setor privado, da construção de uma estação de tratamento que será oferecida à indústria instalada no Porto do Pecém. Utilizaremos água de reúso do esgoto”, afirmou.

Os data centers consomem grande quantidade de água para o resfriamento de equipamentos. Essa demanda gera preocupação devido ao histórico de secas graves no Ceará.

Além de garantir água de reúso, Freitas mencionou que as indústrias que se estabelecerem no estado não demandarão tanta água.

“O datacenter que está sendo negociado para o Ceará tem inovações tecnológicas. O consumo de água não é alto”, acrescentou.

A nova tecnologia utiliza sistemas fechados, dispensando reabastecimento.

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Além de água, os data centers também consomem muita energia, o que torna o Brasil uma alternativa atrativa para o setor, dado que sua matriz elétrica é majoritariamente renovável.

Em 2024, os 189 data centers em operação no Brasil consumiram 1,7% de toda a energia produzida no país, cerca de 11,3 TWh (terawatts-hora). O dado é da Brasscom, a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais. Esse consumo é equivalente ao das cidades de Fortaleza e Salvador juntas, considerando o uso médio de energia elétrica por habitante, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Em maio, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) autorizou a implantação de dois projetos de datacenter no Ceará, ambos no Complexo do Pecém, sendo que o segundo projeto depende da ampliação da rede de transmissão de energia do estado.

De acordo com o ONS, “os dois datacenters conectados à Rede Básica do Nordeste representam uma carga significativa para o sistema elétrico da região”.

Na última quarta-feira (17), o presidente Lula assinou uma medida provisória que cria o Redata, o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center no Brasil, eliminando a cobrança do IPI, PIS e Cofins para a compra de equipamentos do setor – uma renúncia fiscal de R$ 7,5 bilhões em três anos.

A medida foi elogiada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin: “traz soberania digital e incremento à produtividade, fortalecendo a inteligência artificial. É um passo importante.”

Quanto ao Ceará, Alckmin acredita que o estado está pronto para receber o novo polo tecnológico: “O Ceará tem tudo: tem cabos, energia abundante, energia renovável, ou seja, vem ao encontro da vocação do estado”.

A previsão da Brasscom é que, até 2029, com a instalação de novos datacenters, o consumo de energia elétrica pode mais que dobrar, atingindo 3,6% da energia produzida no Brasil.

* A repórter viajou a convite do Ministério da Educação

Fonte: Agência Brasil