“Meu coração, não sei por quê, bate feliz quando te vê.” Os versos de Carinhoso, de Pixinguinha, perduram na memória auditiva de boa parte dos brasileiros quando se fala do gênero musical choro, ou chorinho, como é mais conhecido. Neste dia 23 de abril, celebra-se o Dia Nacional do Choro, conhecido por sua melodia envolvente e seu caráter improvisacional, conquistando admiradores no país e ao redor do mundo.

A data faz alusão ao dia em que provavelmente nasceu Pixinguinha, um dos ícones desse gênero musical brasileiro.

Resultado das criações musicais das classes populares do Rio de Janeiro no final do século XIX, o choro é uma fusão de influências musicais europeias, africanas e indígenas. Seus primeiros expoentes, como Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha, foram fundamentais para sua consolidação e disseminação.

Patrimônio Cultural

Em fevereiro de 2024, o choro foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como Patrimônio Cultural do Brasil. O presidente do Iphan, Leandro Grass, comenta a decisão.

“Este ano, comemoramos também este grande presente, que é o reconhecimento do choro como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Iphan. A partir de agora, nosso compromisso é torná-lo ainda mais conhecido e amado para que possa também ser um instrumento de educação patrimonial e de promoção do próprio Brasil”, afirmou Grass.

De acordo com o parecer técnico que analisou o pedido de registro como Patrimônio Cultural, “o Choro é uma prática complexa e diversa, presente em todas as regiões do Brasil e disseminada em outros países.”

Para Paulo Córdova, apresentador do programa Nas Cordas do Choro, na Rádio Cultura, e um dos pioneiros do Chorinho em Brasília, o gênero como Patrimônio Cultural Imaterial é fundamental para dar visibilidade às políticas públicas.

“Esse reconhecimento é importante, pois agora vamos poder ensinar os choros na escola, nas praças e pelo Brasil. O fato da gente ter um dia dedicado a esse gênero que é tão importante na cultura brasileira é fundamental para a visibilidade e a manutenção da própria cultura brasileira”, disse.

Com o choro reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, o corpo técnico do Iphan e os detentores do bem cultural, juntos, vão desenvolver políticas públicas para a salvaguarda do choro, com programas e cursos em escolas públicas, criação de editais para aquisição de instrumentos e promoção das rodas de choro em locais públicos, fortalecendo o desenvolvimento de formas de transmissão.

Gênero musical de base

Conforme explica Márcio Marinho, cavaquinista e um dos idealizadores do projeto Choro no Eixo, em Brasília (DF), o choro está na base de todos os gêneros musicais brasileiros. 

“O choro está na gênese de outros gêneros da música popular brasileira. É um gênero que se desenvolveu aqui no Brasil com as harmonias e ritmos europeus, africanos e indígenas e é uma das manifestações culturais que mostram muita fisionomia do povo brasileiro”, relatou.

O projeto Choro no Eixo acontece aos domingos no Eixão Norte e leva alegria aos moradores de Brasília. São rodas de choro ao ar livre que reúnem diversos públicos, desde criança a idosos. O projeto surgiu em 2021, como forma de escape da pandemia da Covid-19 e se consolidou como um evento dominical de muitos brasilienses.

Atualmente, o choro mantém-se vivo através de grupos e músicos dedicados, que preservam suas tradições e, ao mesmo tempo, renovam seu repertório com composições contemporâneas. Festivais e rodas de choro acontecem por todo o país, reunindo músicos e apreciadores em uma celebração da cultura brasileira.

Saiba mais sobre o choro no Dossiê para instrumentação técnica do Processo de Registro do Choro como Patrimônio Cultural do Brasil. 

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Fonte: Ministério da Cultura