O Ministério da Cultura (MinC) participou, na quinta-feira (05), da abertura do VI Seminário Internacional sobre a Bacia Cultural Sociobiodiversa da Chapada do Araripe, em Nova Olinda, Ceará. O evento traz, nessa edição, o debate sobre o turismo de base comunitária e as formas de envolver as comunidades locais no processo de preservação e gestão.

Durante a programação, o secretário de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli), Fabiano Piúba, esteve na mesa Chapada do Araripe: patrimônio vivo, na companhia do criador da Fundação Casa Grande, Alemberg Quindins; da coordenadora do Centro de Estudos em Arqueologia da Universidade de Coimbra, Conceição Lopes; e do coordenador Adjunto do Comitê do Geoparque, Patrício Melo.

Também parte da programação, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, e a representante do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Tatiana Teixeira, falaram sobre a atuação do Brasil na Unesco.

Foto: Hélio Filho

“O Brasil sempre foi muito ousado, o Brasil sempre foi muito espoleta, como a minha mãe fala, nessas convenções. No sentido de romper paradigmas, no sentido de elevar, mesmo, de apresentar coisas que o mundo, às vezes, não imagina que existe. E o processo da Chapada é um exemplo. Porque aqui não estamos falando meramente do patrimônio mundial ou do patrimônio natural, nós estamos falando do patrimônio vivo. Todo esse repertório de bens culturais, de sítios arqueológicos, entre outros aspectos, é profundamente qualificado a partir da experiência das pessoas”, frisou Grass.

Para ele, um destaque desse processo é a participação social. E esse é o elemento central dessa arquitetura. Esse sincretismo, esse inventismo, essa mistura de variáveis do patrimônio, de tipologias do patrimônio. Então, para nós também está sendo um grande desafio”.

Pertencimento e ancestralidade
“Somos patrimônios vivos, para a gente nascer vieram outros antes de nós. O soldadinho do Araripe não é o símbolo da candidatura à toa, e foi falado aqui da criação do refúgio da vida silvestre, um decreto que o presidente Lula assina”, afirma o secretário Fabiano Piúba.

Para ele, afirmar que a cultura é ancestral é dizer que os reisados também são ancestrais, que os mestres são ancestrais, perceber que o patrimônio deste lugar tem uma ancestralidade. A natureza também é ancestral. O rio salgado, por exemplo, também é ancestral.

Lista Indicativa da Unesco
Em 2024, a Chapada do Araripe foi inscrita na Lista Indicativa da Unesco de locais que podem se tornar Patrimônio da Humanidade Cultural, Natural e Misto. A inscrição na referida lista é vista como uma etapa prévia, que serve como instrumento de planejamento e preparação para as futuras candidaturas a Patrimônio Mundial. A inscrição dos bens culturais na Lista é a etapa primordial e obrigatória para qualquer bem, seja cultural ou natural, iniciar um processo de reconhecimento como Patrimônio Mundial. Os dois bens culturais precisarão permanecer por um ano na lista para qualquer formalização de candidatura oficial ao Centro do Patrimônio Mundial da Unesco. Atualmente, o Brasil possui 23 Patrimônios Mundiais. Eles são divididos entre Patrimônio Mundial Cultural, Natural e Misto – este último quando um único lugar possui características singulares associadas aos valores culturais e naturais.

O secretário Fabiano Piúba explica ainda que, com a recriação do MinC, a Chapada está na lista indicativa brasileira porque “o presidente Lula foi eleito, porque temos a ministra Margareth e o Iphan ativos. O primeiro legado foi a Chancela Estadual no Ceará e estamos na lista indicativa porque temos de novo um MinC e um Iphan, juntos com o MMA e o MRE”.

Chapada do Araripe
Os estudos preliminares para elaboração de informações sobre a Chapada do Araripe tiveram início em 2019, com a realização do 1º Seminário Internacional para discutir a ideia da candidatura a ser proposta. De acordo com a Unesco, a partir de 2020, o Iphan, a Fundação Casa Grande, a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), a Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa (Funcap), a Universidade Regional do Cariri (Urca), e o Fecomércio / Sesc Ceará, mapearam o território da Chapada e identificaram um conjunto de bens naturais e culturais com potenciais valores universais excepcionais que justificariam a inclusão do bem na Lista Indicativa do Patrimônio Mundial.

A Chapada do Araripe abrange áreas dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. No local há bens que remontam a 180 milhões de anos, abrigando a memória de formação geológica da terra e registros arqueológicos da presença humana do passado.

O evento segue até o dia 8, na Fundação Casa Grande. Gratuito, é aberto a todos àqueles que possuem interesse no patrimônio cultural e natural da Chapada do Araripe, tendo como programação conferências, rodas de conversa e celebrações artístico-culturais. As mesas de debates estão com transmissão no Youtube.

O Seminário é uma realização do Sistema Fecomércio Ceará por meio do Sesc com organização da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri.



Fonte: Ministério da Cultura