A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC), Márcia Rollemberg, participou nesta sexta-feira (4) de uma visita técnica ao Museu dos Povos Indígenas, no Rio de Janeiro. Organizada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) objetivava avaliar as condições de conservação e funcionamento da instituição. Além disso, debater possíveis parcerias com o poder público e parlamentares para restaurar o local que está fechado desde 2016. Atualmente, a população tem acesso apenas ao jardim em torno do casarão histórico onde funciona o museu.
No evento, a secretária reforçou o compromisso do MinC com a valorização e proteção das culturas indígenas. Destacou as cotas de 10% dos recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, a atualização do Plano Setorial de Culturas Indígenas e o trabalho do Pontão de Culturas Indígenas para ampliar o acesso à Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), entre outras ações.
“Trouxe aqui o compromisso do Ministério da Cultura, que vem efetivando ações nessa área. E que possamos contribuir para que este museu seja uma grande rede de memória, justiça e verdade. Afinal, essa história ainda precisa ser contada”, explicou a secretária.
“Este museu deve nos inspirar a nos descobrir como Brasil e a enfrentar o que o mundo está vivendo. Os indígenas trazem em sua vida essa dimensão da natureza como sujeito de direitos”, concluiu.
A visita reuniu servidores do museu, representantes de povos indígenas, parlamentares, o presidente da Fundação Casa Rui Barbosa, Alexandre Santini, além da Unesco e do Ministério dos Povos Indígenas.
“Estamos em uma missão de juntar forças para um bem que é da diversidade cultural. Não se trata apenas de acervos, mas significa a identidade dos povos indígenas e a memória do nosso país. Essa memória respalda processos de demarcação, de defesa da cultura e de defesa de direitos humanos”, explicou a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana.
A presidenta do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Fernanda Castro, lembrou a importância do espaço tanto para os indígenas quanto para a sociedade em geral. “É um lugar de oportunidades para as pessoas que vem aqui construir esse museu, mas também para aquelas que visitam e conseguem ter contato com o que ele oferece para favorecer a construção da democracia, a ciência e a formação. Esse é o compromisso que o Ibram pode assumir com o Museu, com a Funai e com a sociedade nós temos um conhecimento técnico e um material que está sendo elaborado para o setor e que tem a ver com possibilidade de captação de recurso”, acrescentou.
Criado em 1953 pelo antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, o Museu dos Povos Indígenas é um órgão científico-cultural da Funai. Mais do que abrigar expressivos acervos, o local é uma referência em pesquisa sobre línguas e culturas indígenas. Tem sob sua guarda documentos relativos à maioria das sociedades indígenas contemporâneas. Inicialmente localizado na Rua Mata Machado, no bairro do Maracanã, o museu mudou-se em 1978 para um sobrado do século XIX em Botafogo, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
“Diferente da maioria dos museus do mundo, este foi criado para combater o preconceito. Não tem um acervo resultado de saque, mas de trocas, de respeito e de aquisição com consentimento prévio e com repartição de benefícios. O museu não é uma pilha de artefatos escondidos em reservas técnicas ou expostos atrás de vidros, ele é memória viva. O estado brasileiro tem uma obrigação reconhecer os erros que cometeu e repará-los. Parte dessa reparação, é apoiar este museu pra que ele seja um território intelectual demarcado dentro do Rio de Janeiro”, explicou a diretora do Museu dos Povos Indígenas, Fernanda Kaingang.
- Ascom/MinC
Exposição
Na quinta-feira (3), a secretária Márcia Rollemberg também participou da exposição “Hãmxop tut xop – as mães das nossas coisas: artesanato em fibra de embaúba”, na Sala do Artista Popular, no Catete (RJ). A mostra apresenta o artesanato em fibra de embaúba das mulheres Maxakali, povo indígena do Vale do Mucuri (MG), que preserva sua língua, cultura e espiritualidade. Em seguida, ocorreu a pré-estreia do filme “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá”, no jardim do Museu da República, e um debate com a participação da Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, os diretores Sueli Maxakali, Isael Maxakali e Roberto Romero, o professor Eduardo Viveiros de Castro e os pajés Manuel Damásio Maxakali e Arnalda Maxakali.
Fonte: Ministério da Cultura