Na pequena cidade de Mucurici, no Espírito Santo, uma história do passado renasceu em forma de arte e alcançou milhares de pessoas graças à Lei Paulo Gustavo (LPG). O projeto As Carregadeiras de Lata D’água, idealizado pelo Grupo de Teatro e Dança Estirpe, trouxe para o presente a trajetória de Maria, uma moradora que, na década de 1950, sustentava a família vendendo água em uma comunidade marcada pela escassez.

Com R$ 16 mil, o diretor, produtor cultural e coreógrafo Fabrício de Jesus conseguiu criar dois documentários em formato de poema, música autoral e um vídeo dança gravado em pontos emblemáticos de Mucurici.

“Nossa maior motivação foi a rica história da cidade. Quando lançamos a chamada no Instagram, tivemos mais de 12 mil visualizações. Foi incrível perceber o interesse e o impacto que o projeto gerou”, conta Fabrício.

Além do resgate histórico, o projeto gerou um legado cultural para a cidade. “A Lei Paulo Gustavo fez os artistas aparecerem. Muitos que já tinham desistido retomaram seus trabalhos. Isso promoveu conteúdos ricos que ficarão como legado, contando histórias que refletem a nossa cultura regional”, completa.

O impacto do projeto também foi sentido em sua própria trajetória profissional. Fabrício de Jesus conta que precisou superar obstáculos para garantir a execução do projeto.

Foto: Bernardo Firme

“Foi um desafio, mas valeu a pena. Hoje, estamos prontos para novos projetos, como a criação de mais vídeos dança que serão expostos no museu da cidade”, explicou.

LPG no Sudeste

Histórias como a de Mucurici são o reflexo do impacto transformador da Lei Paulo Gustavo (LPG) no Sudeste. Com um investimento total de R$ 1,4 bilhão, a região já executou 85,6% dos recursos, que vão desde iniciativas audiovisuais até espetáculos teatrais e ações comunitárias.

Os números impressionam. São Paulo, por exemplo, recebeu R$ 357 milhões e já executou 91,4% dos recursos, tornando-se o estado com maior saldo em conta para novos projetos. Ao todo, foram R$ 348,4 milhões de recursos já utilizados.

O Rio de Janeiro utilizou 91,9% dos R$ 138 milhões distribuídos, ou seja, R$ 136,9 milhões dos recursos utilizados, com iniciativas voltadas à democratização cultural.

O Espírito Santo, onde As Carregadeiras de Lata D’água ganhou vida, já aplicou 83,9% dos R$ 40,7 milhões disponíveis. Esse valor representa R$ 36 milhões de recursos já utilizados.

E Minas Gerais executou 89,8% dos R$ 182 milhões recebidos, ou seja, R$ 176,5 milhões na missão de revitalizar as ações culturais do estado.

Henilton Menezes, secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural, reforça o impacto econômico da LPG.

“A execução da Lei Paulo Gustavo reforça a visão do Governo Federal que considera a cultura como estratégia para o desenvolvimento econômico do País, com valorização da cidadania e dos valores simbólicos brasileiros. Ao impulsionar os setores criativos e apoiar a recuperação das atividades culturais nos estados e municípios, a lei se destaca por sua potência na geração de emprego, na ampliação de renda dos trabalhadores da cultura e no desenvolvimento dos agentes culturais”, comentou.

Segundo Ana Teresa Melo, coordenadora do Escritório Estadual do MinC em Minas Gerais, a LPG é uma importante ferramenta de promoção da democratização da cultura em nosso país.

“É emocionante ver tantas ações de artistas, produtores culturais e trabalhadores do setor em centenas de cidades. É sensível a ampliação do acesso à produção e à fruição, bem como os impactos na economia local e o enriquecimento de nosso ecossistema cultural”, afirmou.

Memória e sensibilidade

Outro exemplo do impacto da LPG vem de Vitória (ES), onde José Celso Cavalieri dirigiu a peça Perdoa-me se esquecer de dizer que te amo. A obra aborda o Alzheimer com sensibilidade e poesia, tratando do cuidado com os idosos e das relações humanas.

“Recebemos R$ 25 mil para montar o espetáculo. Conseguimos realizar três sessões gratuitas, todas lotadas. Foi emocionante ver tantas pessoas tocadas pela história”, conta Cavalieri.

O espetáculo revela os desafios cotidianos enfrentados pela protagonista, que tenta navegar em um mundo que se torna cada vez mais confuso. Os mesmos questionamentos repetidos ao longo do dia são respondidos de forma serena e muitas vezes cômica. A peça convida o público a refletir sobre a importância da memória e das relações humanas.

Apesar do sucesso, o diretor ressalta as dificuldades que ainda persistem no cenário cultural capixaba, como a escassez de espaços para apresentações. “A LPG facilitou a montagem do espetáculo, mas ainda há muito a ser feito para fortalecer a comunidade cultural local”, avalia.

A execução da Lei Paulo Gustavo no Sudeste vai além dos números: trata-se de um movimento que conecta histórias, resgata memórias e dá voz a artistas de diferentes realidades. Ainda para Fabrício de Jesus, o maior legado da LPG é o conhecimento adquirido e a possibilidade de criar conteúdos que ficarão para as próximas gerações.

“Estamos registrando histórias que poderiam se perder no tempo. Isso é mais do que arte; é um patrimônio cultural”, reflete.

Thiago Leandro, diretor de Assistência Técnica a Estados, Distrito Federal e Municípios do Ministério da Cultura (MinC), destaca a importância da parceria entre estados e municípios na execução da LPG.

“É uma alegria muito grande ver os recursos chegando na ponta e os projetos saindo do papel. O MinC sempre esteve e continuará à disposição para colaborar com estados e municípios na execução da LPG. A gente acredita que uma parceria federativa sólida fortalece a cultura em todo o país, ao unir esforços para ampliar o alcance e o impacto das ações culturais. Com a LPG estamos promovendo iniciativas que respeitam e valorizam as identidades regionais, e ao mesmo tempo consolidam uma cultura forte para todos os brasileiros”, falou. 

Clique aqui e acompanhe a execução da LPG no seu estado ou município pelo Painel de Dados do Ministério da Cultura.



Fonte: Ministério da Cultura