O artista português José Pedro Croft (foto) inaugura nesta quarta-feira (24) sua nova exposição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro. A mostra José Pedro Croft: reflexos, enclaves, desvios reúne 170 obras, entre gravuras, desenhos e esculturas, e ficará em cartaz até 17 de novembro, com entrada gratuita.

Uma das peças mais esperadas é a instalação desenvolvida especificamente para a rotunda do prédio histórico do CCBB. Nela, espelhos refletem fragmentos da arquitetura do espaço, formando um grande quebra-cabeça visual que envolve os visitantes.

Croft, considerado um dos artistas mais significativos da arte contemporânea portuguesa, explora diversas linguagens em sua obra. Nos desenhos apresentados, feitos sobre provas de gravuras, o artista utiliza linhas de nanquim de apenas 0,25 milímetros. “Faço os desenhos à mão, trazendo esse mundo de imagens de pixels para a nossa realidade física. É uma forma de resistir à velocidade de estarmos sempre conectados a um excesso de estímulos”, explica.

Além dos desenhos, o público terá a oportunidade de interagir com esculturas em ferro, vidro e espelho, criadas para a exposição. Para o curador Luiz Camillo Osorio, existe um diálogo constante entre as diferentes linguagens que compõem o trabalho de Croft.

“O metal, o vidro, os espelhos, a linha, a cor, a memória gráfica, as sobreposições e a instabilidade reverberam entre as gravuras, os desenhos e as esculturas”, opina.

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Carreira

Osorio destaca, ainda, a importância da trajetória do artista, que começou nos anos 1980: “Ele expressa uma vontade de liberdade e de experimentação. Teve uma presença marcante no Brasil, em instituições como o Museu de Arte Moderna, a Bienal de São Paulo, a Pinacoteca e o Paço Imperial. Há muito tempo ele não mostrava sua produção aqui”, observa.

Rio de Janeiro (RJ), 18/09/2025 – Exposição José Pedro Croft: reflexos, enclaves, desvios, no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 18/09/2025 – Exposição José Pedro Croft: reflexos, enclaves, desvios, no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Obras de José Pedro Croft podem ser vistas até novembro no CCBB do Rio – fotos – Tomaz Silva/Agência Brasil

Em entrevista à Agência Brasil, Croft falou sobre como espera que o público se relacione com sua obra. “A melhor maneira de ver uma exposição é entrar de mente aberta e sem ideias pré-concebidas. Olhar, sentir e, depois, refletir sobre o que foi visto.”

Ele lembra que muitas de suas obras dialogam entre si: “Na primeira sala, há gravuras negras e vermelhas. As negras são mais desenhos, as vermelhas são manchas de cor que remetem às esculturas de espelho. Sempre existe uma correspondência”, assegura.

O artista enfatizou sua preocupação com a relação das obras com o espaço. “Mesmo quando crio trabalhos monumentais, interesso-me que mantêm sempre uma escala humana e não se imponham pela grandiosidade. Isso está ligado à noção de democracia”, conclui.

Fonte: Agência Brasil