Como parte de um conjunto de ações voltadas à preservação do patrimônio cultural brasileiro, a Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), vinculada ao Ministério da Cultura, iniciou uma reforma no Museu Casa de Rui Barbosa (MCRB), no Rio de Janeiro. A intervenção inclui a modernização completa das instalações elétricas, a implantação de um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) e a instalação de um novo sistema de combate e prevenção a incêndios.

As medidas representam boas práticas de prevenção, atualização e normatização das instalações prediais, garantindo mais segurança para o público, os funcionários e o acervo. A iniciativa é estratégica e preventiva, diante dos riscos que ameaçam edificações históricas no país. A instalação de tecnologias modernas em um imóvel tombado exige soluções técnicas cuidadosas para preservar sua integridade — e é exatamente esse cuidado que norteia a intervenção em andamento.

A reforma busca reduzir significativamente os riscos de sinistros de grandes proporções, como os que já causaram perdas irreparáveis em outras instituições culturais brasileiras. Ao investir na segurança do MCRB, a FCRB reafirma seu compromisso com a conservação, pesquisa e difusão de um dos mais importantes acervos históricos do país.

Inaugurado em 1930, o Museu Casa de Rui Barbosa foi o primeiro museu casa público do Brasil. É responsável pela preservação de coleções que abrangem os acervos arquitetônico, museológico, paisagístico e arqueológico da antiga residência de Rui Barbosa. Entre os cerca de 1.550 objetos expostos estão móveis de época, peças decorativas, instrumentos musicais, objetos pessoais e veículos históricos. Também integra o museu a biblioteca particular do jurista, com cerca de 36 mil volumes — quase todos anotados à mão por ele —, incluindo preciosidades como um incunábulo da Divina Comédia, editado por Landino em 1481, e títulos raros dos séculos XVII a XIX. O conjunto é complementado pelo jardim histórico, tombado pelo IPHAN e aberto diariamente à visitação.

O presidente da Fundação, Alexandre Santini, destaca a importância das ações: “São obras estruturais que a Fundação precisava fazer há muito tempo — tanto a reforma da parte elétrica quanto a questão da adutora, que elimina um fator de risco enfrentado há anos por causas externas. Ao mesmo tempo, essas obras representam a materialização daquilo que chamamos de reconstrução. Quando há planejamento — orçamentário, contratual e institucional — conseguimos ordenar o que precisa ser feito para garantir o trabalho de preservação da memória. Isso acontece tanto nas ações finalísticas, que são os serviços prestados pela Fundação, quanto no cuidado com a própria estrutura física, que precisa estar apta a sustentar esse trabalho”, afirmou Santini.

Além disso, segundo o gestor: “É uma mudança que justifica plenamente o compromisso com a memória, com o patrimônio e com a preservação — que são as finalidades centrais da Fundação Casa de Rui Barbosa. Só foi possível dar esse passo porque houve um incremento orçamentário nos últimos dois anos, que permitiu planejar as ações com segurança. Estamos atuando em várias frentes para reduzir riscos, aumentar a proteção dos acervos e contamos com total apoio do Ministério da Cultura. Reconstruir dá mais trabalho do que construir — e destruir, infelizmente, é muito rápido. Mas agora estamos garantindo também a requalificação da estrutura física da Fundação. É a defesa do legado histórico, reconstrução e reposicionamento da FCRB”, concluiu.

Outras ações de preservação

Recentemente, essa política de preservação foi ampliada com o início de um minucioso trabalho de tratamento da biblioteca pessoal de Rui Barbosa. Abrigado no Museu Casa, o acervo bibliográfico do jurista — composto por mais de 23 mil exemplares, incluindo edições raras, obras com anotações manuscritas, dedicatórias e clássicos da literatura — está passando por um processo técnico de conservação.

O tratamento, realizado em ambiente controlado por uma equipe especializada, utiliza tecnologia de ponta para identificar e eliminar possíveis agentes biológicos que possam comprometer o acervo. Entre as etapas do procedimento, destaca-se a aplicação de nitrogênio em ambiente confinado, seguida da higienização dos livros, que, após essa fase, retornarão à exposição pública.

Desativação das adutoras 

As adutoras que atravessam — instaladas ao fim da década de 1920 — o terreno da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), em Botafogo, serão definitivamente desativadas pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). O remanejamento da estrutura representa um avanço importante para a segurança e para a preservação dos acervos mantidos pela instituição.

A Cedae já concluiu o processo de licitação e contratou a empresa responsável pela obra de remanejamento das rotas das adutoras. O novo traçado será construído com tecnologia de perfuração subterrânea, a cerca de oito metros de profundidade, garantindo maior segurança e menor impacto urbano.

A medida elimina o risco de um rompimento das adutoras dentro da área do jardim histórico, assim como as consequências que um rompimento poderia trazer à estrutura do Museu e ao acervo que ele guarda, e reforça o compromisso da Fundação Casa de Rui Barbosa com a proteção de seu patrimônio histórico, arquitetônico, paisagístico e cultural — além da memória da cultura brasileira.



Fonte: Ministério da Cultura