“Sem a Lei Rouanet, esse festival simplesmente não seria possível. Ela nos permite garantir a estrutura do evento, a remuneração digna dos artistas e profissionais envolvidos, e, sobretudo, viabilizar a circulação do projeto por diferentes cidades. Além de ser uma ferramenta estratégica de fomento, é também um poderoso instrumento de descentralização cultural, pois permite que iniciativas como a nossa, nascidas na Amazônia e com protagonismo regional, ocupem um lugar de destaque na cena nacional”, enfatiza Aline Moraes, diretora executiva do Festival Povos da Floresta.
A iniciativa tem o propósito de valorizar a diversidade cultural brasileira a partir da Amazônia e celebrar a cultura, a arte e os saberes ancestrais dos povos indígenas e comunidades tradicionais da região. E percorrerá cinco capitais da Amazônia Legal e do Brasil, iniciando por Porto Velho (RO), entre os dias 29 de maio e 8 de junho de 2025. Também haverá edições em Boa Vista (RR), Macapá (AP), Belém (PA) e Brasília (DF), levando ao público uma programação que inclui artes visuais, audiovisual, música e experiências imersivas.
“Nosso sonho é que o Festival dos Povos da Floresta vá ainda mais longe — que no futuro possa alcançar, além das capitais, os polos culturais do interior da Amazônia, conectando ainda mais profundamente os territórios, suas expressões e seus públicos”, conta a diretora.
O Festival busca fortalecer a cena cultural amazônica a partir dos próprios territórios, valorizando seus criadores e conectando suas linguagens com o Brasil e o mundo.
“Quando falamos em Povos da Floresta, entendemos que este é um lugar de compreensão e de troca, onde todas as pessoas que estão sob esse imenso ‘guarda-chuva verde’ — o pulmão do mundo — integram e devem ter a devida visibilidade e protagonismo de suas próprias histórias e narrativas. Nesse sentido, ao reunir os diferentes povos que compõem esse universo, promovemos o diálogo e fomentamos o intercâmbio entre tecnologias ancestrais e contemporâneas”, destaca.
A programação do evento oferecerá uma experiência ampla, combinando exposições de arte, mostras audiovisuais, apresentações musicais, oficinas, rodas de conversa e performances. O objetivo é valorizar as expressões culturais dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e comunidades urbanas da região.
Exposição Juvia: pluralidade da Amazônia
A exposição leva o nome da semente amazônica da castanheira, marcará a abertura do projeto. “A iniciativa foi pensada como um território de encontro entre diferentes linguagens, territórios e experiências da Amazônia, criando pontes entre artistas, públicos e narrativas que muitas vezes não se cruzam no circuito tradicional das artes”, explica Aline Moraes.
Recentemente, o Festival abriu chamamento público para selecionar artistas visuais, fotógrafos, artesãos e criadores amazônidas que desejem compor o acervo itinerante. As obras que expressam as identidades, vivências e visões de mundo dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, urbanos e comunidades tradicionais, com total liberdade estética e poética.
Segundo a curadora Rosely Nakagawa, a exposição desempenha um papel essencial no intercâmbio cultural entre as diversas regiões da Amazônia e o restante do Brasil.
“Por meio dessas linguagens, artistas da Amazônia podem compartilhar suas vivências, identidades e questões sociais, ambientais e políticas com públicos de outras regiões, gerando empatia, reconhecimento e respeito pela diversidade cultural brasileira. Ao mesmo tempo, essa troca possibilita que influências externas também dialoguem com as tradições amazônicas, enriquecendo o cenário cultural local e fomentando a criação de novas formas de expressão em toda sua plenitude.”
Ao lado dos novos nomes que serão selecionados, a Juvia reúne ainda artistas convidados como Paula Sampaio e Gustavo Caboco, além de obras do acervo da Rioterra e de artistas indígenas que integram o projeto.
De acordo com a organização, o perfil dos participantes chama atenção pela representatividade: 60,71% mulheres, 7,14% pessoas trans e 32,14% homens. Além disso, 85,71% se autodeclaram pretas, pardas, indígenas ou oriundas de comunidades tradicionais, reforçando o caráter plural da exposição.
Idealizado pelo Centro de Inovação da Amazônia Rioterra e apresentado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Cultural, o festival foi autorizado a captar R$ 5,83 milhões via Lei Rouanet. Até o momento, já arrecadou R$ 3,47 milhões, o equivalente a 59,5% do valor autorizado.
Fonte: Ministério da Cultura